quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dia da mentira?


O dia 1º de abril está se encerrando, e passei o dia inteiro esperando (e preparado) para uma “pegadinha” enganosa, mas ninguém tentou me ludibriar, assim como nem eu mesmo me esforcei para isso. Realmente, são outros tempos! Na minha infância era comum, quase uma certeza, de que alguém iria pregar uma mentira no tal dia 1º de abril. Até mesmo na família, mas muito mais na escola, as brincadeiras tinham por objetivo enganar os colegas através de mentirinhas fabricadas especialmente para serem aplicadas nesse dia... Parece que essa ingênua tradição está se perdendo nas brumas do passado.
Há varias suposições sobre a origem do 1° de abril. O fato é que cada vez menos as pessoas estão fazendo brincadeiras umas com as outras. Praticamente só a mídia está mantendo a tradição do dia da mentira.
A explicação mais plausível para o aparecimento do dia da mentira, é que o rei francês Carlos 9° tenha iniciado a brincadeira do dia 1° de abril. Com a reforma do calendário gregoriano, ele estabeleceu em 1564 que o Ano Novo, até então comemorado em 1° de abril, passasse a ser comemorado em 1° de janeiro, o que não chegou aos ouvidos de muitas pessoas da época. No 1° de abril, os que sabiam zombavam daqueles que comemoravam o Ano Novo na data errada.
Assim como muitos costumes, as piadas de abril também se transformaram ao longo do tempo. Nossa noção de humor foi em grande parte formada pelas mídias. Nós assistimos piadas na televisão ou damos risadas de brincadeiras de rádio e temos aí uma elite funcional que, no plano midiático, está sempre recriando as piadas de abril.
E assim, nós somos enganados quase que apenas pela mídia, com notícias inventadas e histórias falsas. Um exemplo clássico: as mentiras da BBC, emissora britânica que em 1° de abril de 1957, informou sobre a colheita de espaguete no cantão suíço de Tessino. Nos seus televisores, os espectadores assistiram pasmados aos camponeses suíços colherem das árvores longos espaguetes.
No dia-a-dia, as piadas tornaram-se raras. A culpa deve ser do aumento da pressão de trabalho sobre as pessoas. Para brincadeiras, não sobra tempo. Hoje, simplesmente não há mais espaço para brincadeiras, e isso não poderia ser diferente no dia da mentira.
Atualmente, em nossa sociedade, grande parte dos contatos são realizados em um espaço virtual, através da internet ou do telefone, e as piadas de abril quase não são mais possíveis, pois dependem do contato direto. Isso requer uma situação real e não digital.
Apesar do embaraço, alguns até podem sentir falta das brincadeiras e desejar reviver os costumes do dia da mentira. Afinal, quando alguém faz uma piada conosco, quer também dizer que nos dá atenção. Não é mesmo?

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