sábado, 11 de julho de 2009

Vinhos tintos


Em outro momento, apresentei aqui a delícia de tomar um bom vinho branco, às vezes desprezado por alguns fanáticos do vinho tinto. Acredito que para cada situação, especialmente durante uma harmonização entre o cardápio e a bebida, existem as indicações próprias. E já que estamos em pleno inverno, vou dissertar alguma coisa básica sobre os vinhos tintos, até porque nos climas frios os alimentos quase sempre são mais pesados, condimentados, mais calóricos. E vamos comentar apenas sobre os nacionais.
No Rio Grande do Sul concentra-se mais de 90% da produção vinícola do país e lá estão as melhores vinícolas brasileiras, embora importantes vinícolas catarinenses estejam se destacando nos últimos anos. A maior parte destas vinícolas está localizada na Serra Gaúcha, região de montanha ao norte no estado, destacando-se as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul, seguidas de Flores da Cunha, Farroupilha e Canela.
No quadro vinícola descrito para as regiões fora do Rio Grande do Sul, existe uma feliz exceção situada no Nordeste brasileiro. É o promissor Vale do rio São Francisco, especialmente na cidade de Santa Maria da Boa Vista, próxima de Petrolina e Juazeiro, na fronteira de Pernambuco e Bahia.
A vitivinicultura brasileira evoluiu de maneira extraordinária nas duas últimas décadas, e o Brasil produz hoje vinhos de boa qualidade. O atual panorama vinícola brasileiro é animador e, complementando esse salto qualitativo, a partir de setembro de 1995 o Brasil passou a ser membro da OIV (Office International de la Vigne e du Vin ou, simplesmente, Organização Internacional do Vinho), organismo que regula as normas internacionais de produção do vinho, cujo cumprimento resulta, obrigatoriamente, em elevação do padrão de nossos vinhos. Uma das normas que em breve será implantada é a criação e implementação das Denominações de Origem Controladas, como as existentes nos países europeus.
Estamos produzindo bons vinhos varietais (elaborados com um tipo predominante de uva) brancos (das uvas Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, etc.) e tintos (das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, etc.) e muitos deles têm recebido prêmios em concursos internacionais sérios, a maioria deles supervisionados pela OIV.
É preciso, no entanto, que o consumidor brasileiro deixe de comparar os nossos vinhos com os estrangeiros. Sem dúvida, os melhores vinhos do mundo se originam da França, Itália, Espanha, Portugal, Chile e outros países. Entretanto, a rigor não se pode comparar vinhos de regiões diferentes, uvas diferentes e tipos de vinificação diferentes, que lhes conferem estilos diferentes. Do mesmo modo, o vinho brasileiro de qualidade tem o seu estilo. Os brancos são adequados ao nosso clima - frutados, refrescantes, para serem consumidos jovens - e já alcançaram um nível de qualidade que ultrapassa muitos vinhos brancos de países de tradição vinícola. Os tintos já atingiram o nível de muitos vinhos europeus jovens.
Alguns da safra de 1991, a melhor da história da vitivinicultura brasileira, atingiram um surpreendente grau de qualidade e estão melhorando com o envelhecimento na garrafa por mais de sete anos, um tempo antes inimaginável para os vinhos nacionais.
Existem, ainda, dois problemas cruciais que dificultam um maior desenvolvimento da vitivinicultura brasileira. O primeiro é sem dúvida o pequeno consumo (cerca de apenas 2 litros per capita por ano), resultante da falta de tradição vinícola e do baixo poder aquisitivo do brasileiro. O segundo é o preço do vinho nacional, que é relativamente caro, em conseqüência da alta taxação de impostos e de encargos sociais, e não tem conseguido enfrentar os baixos preços de muitos importados.
Infelizmente, a maior parte dos consumidores brasileiros não tem conhecimento desses fatos e continua tomando vinhos importados de qualidade inferior, escolhido pelo pomposo nome de difícil pronúncia ou pelo questionável charme da cor da garrafa.
Os vinhos brasileiros estão classificados em dois níveis de qualidade:
1. Vinho de Mesa - vinho inferior, elaborado a partir de variedades de uvas comuns (Concord, Herbemont, Isabel, Seyve Willard, Niágara, etc.) de espécies americanas (Vitis labrusca, Vitis rupestris, etc.).
2. Vinho Fino de Mesa - vinho de mesa diferenciado, elaborado a partir de variedades de uvas nobres (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Pinot Noir, Merlot, Chardonnay, Riesling, Sauvignon Blanc, etc.) da espécie européia (Vitis vinifera).
Outras Denominações Utilizadas:
1. Vinho Varietal - vinho feito com uma só variedade de uva ou com o mínimo de 60% da variedade de uva declarada no rótulo. As boas vinícolas utilizam 100% da variedade declarada.
2. Vinho de Corte (ou de Assemblage) - vinho elaborado a partir de diferentes uvas.
3. Vinho seco - vinho com teor de açúcar menor do que 5 gramas por litro.
4. Vinho demi-sec - vinho com teor de açúcar entre 5-20g/l.
5. Vinho suave - vinho com teor de açúcar maior do que 20g/l.
Hoje, as melhores vinícolas da Serra Gaúcha utilizam cepas nobres e contam com a mais avançada tecnologia, idêntica à utilizada nos principais países vinícolas da Europa. A qualidade de seus vinhos certamente continuará a melhorar, pois em breve serão implantadas as primeiras Denominações de Origem Controladas do país, como conseqüência de estudos que vêm sendo desenvolvidos há muitos anos na região.
O Vale dos Vinhedos situado na parte sul do município é um festival de cores, aromas e sabores para seus visitantes, em seus vinhedos e cantinas vinícolas, muitas das quais investindo pesado no turismo enogastronômico.
As variedades de uvas tintas mais comuns no Brasil: Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Petite Syrah, Pinot Noir, Gamay, Malbec, Merlot, Zinfandel.

Um comentário:

  1. Bom dia, Alfredo:
    Aproveitando esta insonsa manhã de domingo, naveguei por
    teu blog e achei interessante e instrutivo o comnetário acerca
    do vinho tinto. Concordo em genero e número o que foi
    apresentado, principalmente com relação ao preço do vinho
    brasileiro. Felizmente o governo de Santa Catarina reduziu
    para 3% o ICMS sobre o vinho produzido no Estado, com o
    objetivo de alavancar as vendas da produção catarinense,
    cujo produto, diga-se, está bombando mo mercado nacional.
    Com abraços e um bom domingo.
    Ingo kannenberg.

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