Política e Imprensa: propostas honestas?

Na reta final das eleições para a presidência do Brasil, a mídia em geral (TV, jornais, rádios, etc.) está se posicionando contra a atitude dos dois candidatos finalistas, que neste momento estão debatendo assuntos que seriam de menor interesse para o país, tais como a questão do aborto, a religiosidade de Dilma e Serra, e outros assuntos não tão importantes nesta fase da campanha. Aliás, dá a impressão de que vamos eleger um Papa ou uma Papisa no Brasil. Vale lembrar, no entanto, que vivemos num país com altíssimos índices de crenças e crendices religiosas, e no qual a própria mídia investe pesadamente, aproveitando-se desta característica do povo brasileiro, com o intuito de atingir determinadas metas de audiência (novelas espiritualistas, filmes e livros de Chico Xavier estão agora no auge, extensas reportagens sobre as celebrações religiosas, etc.). Ora, a população brasileira não iria suportar discussões sonolentas e sem graça sobre as metas na economia, as decisões na área diplomática, os rumos a seguir no relacionamento entre as nações, e outros. Resumindo, o povo que ver o circo pegar fogo, prá ter assunto nas mesas de bar, assim como discute os resultados do seu time de futebol. É por aí que os partidos políticos estão vendo a possibilidade de angariar votos.

A nossa imprensa está certa em criticar esse posicionamento dos marqueteiros políticos, mas essa mesma imprensa faz algo bem parecido para manter altos os índices de audiência da sua programação: enquanto poderia apresentar programas de bom interesse cultural e informativo, apresentam todos os dias milhares de notícias vinculadas a mortes, assassinatos, roubos, ladroagem, e por aí afora. A troco de que, senão em nome dos índices de audiência? A mídia sabe que o povo religioso do Brasil adora ver sangue. Então, sejamos claros: a tática que os políticos usam para angariar votos, é a mesma que a mídia usa para angariar audiência. E aí concluo que aquelas famosas citações, "o povo sabe em quem deve votar", "a voz do povo é a voz de Deus", são no mínimo muito duvidosas.