Uma década após a Guerra dos Trinta Anos, Berlim começou em 1658 a expandir-se como uma fortaleza, rodeada por muros, e instalou um portão no mesmo ponto em que hoje está o principal símbolo da capital e da unidade alemã: o Portão de Brandemburgo.
Na segunda metade do século 18, a burguesia berlinense ganhava influência e o rei prussiano Frederico Guilherme 2º (Friedrich Wilhelm 2º) desejava um fim mais digno à chique Avenida Unter den Linden. E, assim, surgiu em 1769 um plano de reurbanização da cidade, o qual incluía um novo portão no local, inspirado na entrada da Acrópole de Atenas. Até o projeto sair do papel, entretanto, passaram-se anos. Somente em 1788, demoliu-se enfim o velho Portão de Brandemburgo.
A obra do novo durou dois anos, de 1789 a 1791, suas medidas: 26 metros de altura, 11 de profundidade e 65 de largura. Sob ele, cinco passagens entre seis colunas dóricas. Quando foi aberto ao trânsito, ainda lhe faltavam as esculturas de Johann Gottfried Schadow (1764–1850) e a quadriga com a deusa da paz Eirene.
Em 1868, pôs-se abaixo o velho muro de proteção da cidade e acrescentou-se às extremidades do portão dois pequenos pavilhões sobre colunas, com aproximadamente a metade da altura do portão.
Apesar da beleza e magnitude da construção, Frederico Guilherme II subestimou o significado histórico do Portão de Brandemburgo e não programou qualquer cerimônia de inauguração, nem mesmo uma parada festiva. Sem a presença do rei, o futuro marco da cidade foi simplesmente liberado para uso em 6 de agosto de 1791. Mas somente o rei e seus convidados podiam passar através da passagem central.
A quadriga foi instalada em seu lugar em 1793, mas durou pouco anos lá. Quando as tropas francesas chegaram a Berlim em outubro de 1806, através do portão, o destino da peça de cobre estava selado. Em dezembro, Napoleão determinou sua retirada e enviou-a para Paris, como troféu de guerra.
Somente em abril de 1814, após a guerra de libertação, a quadriga seria trazida de volta da capital francesa para a alemã e novamente montada sobre o Portão de Brandemburgo. Por vontade do rei Frederico Guilherme 3º, a peça de cobre foi acrescida de uma cruz de ferro e da águia prussiana, e passou a ser dedicada à deusa Vitória.
Desde então, aos pés da quadriga realizam-se paradas, desfiles e manifestações. Napoleão fora o primeiro. Mais tarde, os rebeldes da revolução democrática de março de 1848. Depois, tropas prussianas ali comemoraram suas vitórias. Também Hitler fez suas tropas de assalto SA marcharem através do portão, quando chegou ao poder em 1933.
Nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945, o portão e a quadriga foram danificados. Berlim acabou dividida em quatro setores, ficando o portão no lado soviético. Por ironia do destino, a obra recuperou sua função original de divisória. No caso, entre os setores soviético e britânico, leste e oeste, Berlim Oriental e Ocidental. Mas ainda se podia atravessá-lo livremente.
O que restou da quadriga foi retirado do alto somente em 1950, por ordem das autoridades de Berlim Oriental, e praticamente destruído. Na administração do setor soviético, titubeou-se entre a fundição de uma nova quadriga ou a instalação de outro símbolo sobre o portão. Optou-se pela primeira alternativa.
Para restaurar o monumento, os dois lados acertaram dividir os custos. Berlim Oriental assumiria a reforma do portão, enquanto o lado ocidental refundiria a quadriga. Em julho de 1958, a reforma estava encerrada. Em 1º e 2 de agosto, a quadriga, fundida em partes, foi remontada na praça Pariser Platz, do lado soviético. No entanto, na noite para 3 de agosto, sem qualquer aviso, a peça foi levada para Marstall, em Berlim Oriental, onde na noite de 16 de setembro a cruz de ferro e a águia prussiana – tidas como símbolos do militarismo alemão – foram retiradas.
Em 27 de setembro de 1958, a quadriga mutilada foi finalmente instalada no alto do Portão de Brandemburgo. No entanto, ao se colocar a nova peça em seu lugar, mudou-se sua posição. Para ira dos berlinenses ocidentais, os cavalos galopavam de frente para o setor soviético, mostrando as ferraduras para o britânico. A inversão provocou em vão atritos entre os habitantes de ambos os lados.
As decisões unilaterais de Berlim Oriental sobre o portão atingiriam seu ápice em 14 de agosto de 1961, com sua interdição, um dia após o fechamento de todas as fronteiras do setor soviético com os setores britânico, americano e francês. A área ao redor do Portão de Brandemburgo foi isolada e um muro, erguido, partindo a cidade em duas, sem que o portão as interligasse.
O local ficou bloqueado ao trânsito de veículos e pessoas durante quase 30 anos. Somente com a queda do Muro de Berlim, na noite de 9 para 10 de novembro de 1989, voltou a esperança de sua reabertura. Em 22 de dezembro daquele ano, o portão passaria a ser reutilizado como passagem de fronteira. Poucos meses depois, o muro havia desaparecido.
Hoje, a área está completamente reurbanizada e o Portão de Brandemburgo, em vez de separar, une o centro histórico da capital alemã ao Tiergarten, ao Reichstag (sede do Parlamento) e à moderníssima praça Potsdamer Platz. A partir de 7 de março de 1998, os automóveis voltaram a atravessar o portão, de leste para oeste. Na direção contrária, no entanto, precisavam contornar o monumento. Entretanto, mais tarde o trânsito de veículos foi completamente suspenso e hoje só pedestres cruzam o portão.
Desde 1991, a cruz de ferro e a águia prussiana estão de volta à quadriga, mas os cavalos continuam de frente para o leste.
Na segunda metade do século 18, a burguesia berlinense ganhava influência e o rei prussiano Frederico Guilherme 2º (Friedrich Wilhelm 2º) desejava um fim mais digno à chique Avenida Unter den Linden. E, assim, surgiu em 1769 um plano de reurbanização da cidade, o qual incluía um novo portão no local, inspirado na entrada da Acrópole de Atenas. Até o projeto sair do papel, entretanto, passaram-se anos. Somente em 1788, demoliu-se enfim o velho Portão de Brandemburgo.
A obra do novo durou dois anos, de 1789 a 1791, suas medidas: 26 metros de altura, 11 de profundidade e 65 de largura. Sob ele, cinco passagens entre seis colunas dóricas. Quando foi aberto ao trânsito, ainda lhe faltavam as esculturas de Johann Gottfried Schadow (1764–1850) e a quadriga com a deusa da paz Eirene.
Em 1868, pôs-se abaixo o velho muro de proteção da cidade e acrescentou-se às extremidades do portão dois pequenos pavilhões sobre colunas, com aproximadamente a metade da altura do portão.
Apesar da beleza e magnitude da construção, Frederico Guilherme II subestimou o significado histórico do Portão de Brandemburgo e não programou qualquer cerimônia de inauguração, nem mesmo uma parada festiva. Sem a presença do rei, o futuro marco da cidade foi simplesmente liberado para uso em 6 de agosto de 1791. Mas somente o rei e seus convidados podiam passar através da passagem central.
A quadriga foi instalada em seu lugar em 1793, mas durou pouco anos lá. Quando as tropas francesas chegaram a Berlim em outubro de 1806, através do portão, o destino da peça de cobre estava selado. Em dezembro, Napoleão determinou sua retirada e enviou-a para Paris, como troféu de guerra.
Somente em abril de 1814, após a guerra de libertação, a quadriga seria trazida de volta da capital francesa para a alemã e novamente montada sobre o Portão de Brandemburgo. Por vontade do rei Frederico Guilherme 3º, a peça de cobre foi acrescida de uma cruz de ferro e da águia prussiana, e passou a ser dedicada à deusa Vitória.
Desde então, aos pés da quadriga realizam-se paradas, desfiles e manifestações. Napoleão fora o primeiro. Mais tarde, os rebeldes da revolução democrática de março de 1848. Depois, tropas prussianas ali comemoraram suas vitórias. Também Hitler fez suas tropas de assalto SA marcharem através do portão, quando chegou ao poder em 1933.
Nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, em maio de 1945, o portão e a quadriga foram danificados. Berlim acabou dividida em quatro setores, ficando o portão no lado soviético. Por ironia do destino, a obra recuperou sua função original de divisória. No caso, entre os setores soviético e britânico, leste e oeste, Berlim Oriental e Ocidental. Mas ainda se podia atravessá-lo livremente.
O que restou da quadriga foi retirado do alto somente em 1950, por ordem das autoridades de Berlim Oriental, e praticamente destruído. Na administração do setor soviético, titubeou-se entre a fundição de uma nova quadriga ou a instalação de outro símbolo sobre o portão. Optou-se pela primeira alternativa.
Para restaurar o monumento, os dois lados acertaram dividir os custos. Berlim Oriental assumiria a reforma do portão, enquanto o lado ocidental refundiria a quadriga. Em julho de 1958, a reforma estava encerrada. Em 1º e 2 de agosto, a quadriga, fundida em partes, foi remontada na praça Pariser Platz, do lado soviético. No entanto, na noite para 3 de agosto, sem qualquer aviso, a peça foi levada para Marstall, em Berlim Oriental, onde na noite de 16 de setembro a cruz de ferro e a águia prussiana – tidas como símbolos do militarismo alemão – foram retiradas.
Em 27 de setembro de 1958, a quadriga mutilada foi finalmente instalada no alto do Portão de Brandemburgo. No entanto, ao se colocar a nova peça em seu lugar, mudou-se sua posição. Para ira dos berlinenses ocidentais, os cavalos galopavam de frente para o setor soviético, mostrando as ferraduras para o britânico. A inversão provocou em vão atritos entre os habitantes de ambos os lados.
As decisões unilaterais de Berlim Oriental sobre o portão atingiriam seu ápice em 14 de agosto de 1961, com sua interdição, um dia após o fechamento de todas as fronteiras do setor soviético com os setores britânico, americano e francês. A área ao redor do Portão de Brandemburgo foi isolada e um muro, erguido, partindo a cidade em duas, sem que o portão as interligasse.
O local ficou bloqueado ao trânsito de veículos e pessoas durante quase 30 anos. Somente com a queda do Muro de Berlim, na noite de 9 para 10 de novembro de 1989, voltou a esperança de sua reabertura. Em 22 de dezembro daquele ano, o portão passaria a ser reutilizado como passagem de fronteira. Poucos meses depois, o muro havia desaparecido.
Hoje, a área está completamente reurbanizada e o Portão de Brandemburgo, em vez de separar, une o centro histórico da capital alemã ao Tiergarten, ao Reichstag (sede do Parlamento) e à moderníssima praça Potsdamer Platz. A partir de 7 de março de 1998, os automóveis voltaram a atravessar o portão, de leste para oeste. Na direção contrária, no entanto, precisavam contornar o monumento. Entretanto, mais tarde o trânsito de veículos foi completamente suspenso e hoje só pedestres cruzam o portão.
Desde 1991, a cruz de ferro e a águia prussiana estão de volta à quadriga, mas os cavalos continuam de frente para o leste.
Sei não, mas algo me diz que, em algum dia de um futuro nem tão longínquo, um líder inconformado lançará bombas e homens morrerão, para arrancar a cruz de ferro e a águia prussiana da quadriga, e mudar a posição dos cavalos. Outras guerras já aconteceram por muito menos que isso.
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