sábado, 2 de agosto de 2008

Minha experiência no Projeto Rondon


O Projeto Rondon, criado em 1967 e encerrado em 1989, foi uma das minhas grandes experiências de vida. Esse movimento, cujo lema era "Integrar para não entregar", apesar de polêmico nas suas raízes (época da ditadura militar), funcionou como um autêntico promotor de integração do país, visto que estudantes de todas as partes do Brasil cruzaram os ares nos velhos aviões DC-3 da FAB para conhecer outras realidades e ajudar no trabalho voluntário às populações mais desassistidas.
Nesse contexto, participei inicialmente de uma preparação no município de Itaiópolis - SC, na Fazenda Parolim, durante uma semana. Esse movimento, da Universidade Federal de Santa Catarina, chamou-se CRUTAC - Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária. Após, fiz o meu primeiro Projeto Rondon Nacional em Canaã, Minas Gerais. Ficamos um mes naquele cidadezinha interiorana de uma só rua, onde trabalhamos muito com a comunidade local, prestando bons serviços comunitários (cada estudante na sua área profissionalizante). Depois veio a maior experiência, qual seja, o Projeto Rondon em Santarém, no estado do Pará. Foi uma viagem de dois dias (Florianópolis - Baurú - Porto Nacional - Santarém). Ali a UFSC tinha um Campus Avançado, onde morávamos e até recebemos a visita do então Presidente Ernesto Geisel. De lá saíamos para o trabalho: consultas, vacinações, pequenos atendimentos ambulatoriais nos Postos de Saúde e hospital da cidade, etc. De Santarém partíamos de "motor" (o barco fluvial dos rios amazonenses) para localidades longínquas, às margens do rio Tapajós. Numa dessas vezes, ficamos uma semana numa aldeia indígena. Foram tantas as experiências, ricas em conteúdo e realidade, que eu viria a repetir o mesmo Projeto Rondon alguns anos depois. Fui duas vezes a Santarém, num total de sessenta inesquecíveis dias.
Hoje o Projeto Rondon, nos moldes em que foi elaborado inicialmente, não existe mais.
Imbuídos da importância social do Projeto Rondon – o maior movimento voluntário do País, os rondonistas não se deixaram abalar com a extinção, em 1989, da Fundação Projeto Rondon, pelo Governo Federal. Criaram em 1990, a Associação Nacional dos Rondonistas, com sede em Brasília, e nos Estados, as Associações Estaduais dos Rondonistas, autônomas administrativamente porem interligadas pelo mesmo ideal, princípios e objetivos estratégicos. Dentro da metodologia de ação integrada, formalizaram parcerias dando continuidade à missão do Projeto Rondon, “mobilizar a juventude universitária e despertar nela, uma consciência crítica sobre as diversas realidades nacionais” sempre em estreita articulação com as Instituições de Ensino Superior, os três níveis de governo e a sociedade civil. Hoje, o Projeto Rondon é formado por 25 Organizações da Sociedade Civil e desenvolve inúmeras atividades pelo País.

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